Sentimentos que despertam

E se eu apenas observasse?

E se apenas observasse o caminho o qual percorro agora, ao invés de tentar olhar aquele que ainda está por vir?

E se eu olhasse em volta desse caminho e conseguisse ver a linha do tempo de tudo o que eu já vivi?

Histórias por histórias, acontecimentos por acontecimentos, respiração por respiração e cada sentimento que tudo isso desperta em mim.

E se eu olhasse para essa estrada como uma linha única da história da minha vida e as respostas já estivessem respondidas em algum momento de toda a história que vivi?

Mas me distraio, o caminho a diante parece-me mais agradável, vejo o que é possível;

um passo depois do outro, olhos firmes no caminho a frente, nunca no passo que está sendo dado;

ignoro o chamado de olhar pro caminho percorrido, para os lados, para o chão que os pés pisam agora;

afinal já olhei o caminho lá antes, não há nada de novo nesse lugar, que antes era a estrada a frente e agora se tornou a estrada que piso.

Passo a passo despercebido que a estrada a seguir é criada pelo passo dado agora e pelos passos que ficaram pra trás.

Em algum momento o cansaço se instala, é preciso parar;

as pernas doem, o corpo doe, respirar parece doer e olha que isso é automático, nunca foi preciso perceber;

a estrada a frente parece agradável um lugar onde tudo é possível, mas cansado o corpo está esgotado, é preciso parar.

A respiração começa a ser cada vez mais notada, os olhos se fecham por um instante, o corpo agradece e relaxa;

quantos belos sons são possíveis ouvir;

quantas belas paisagens são possíveis olhar;

onde estava toda essa beleza que antes parecia os olhos não enxergar?

e os olhos se abrem e a ideia do apenas observar se torna constante;

os passos já dados podem ser vistos como os pedaços de migalhas de pão que não comeram os pássaros;

um caminho marcado pelos passos que percorri.

De repente um desejo de voltar explode em meu ser;

minha mente impulsiona, mas o corpo não responde a esse querer;

e uma nuvem branca circula meu corpo, o que meus olhos veem enchem de sentimentos o meu ser;

minha linha da vida sendo observada por quem eu sou agora, pelo quem me tornei.

Histórias por histórias, acontecimentos por acontecimentos, respiração por respiração e um turbilhão de sentimentos que me despertam;

para a minha estrada, para a linha única da história da minha vida e para as respostas de perguntas que nem foram feitas já respondidas.

O chamado agora é de permanecer no passo a ser dado, atento, observando sem esquecer que o futuro se planta no presente e que novos horizontes se abrem observando o passado e curando-o no presente.

Talvez a estrada a frente não será mais como uma linha reta, mas cheias de novas linhas, pra direita, esquerda, frete e de assim por diante,

pois a cada novo passo marcado no chão permaneço na observação do que escolho e para onde escolho;

sem certo ou errado, apenas em pleno viver do caminho sagrado da volta pra casa;

casa do meu ser, de quem EU SOU e não de quem quero ser.

Nathalia Favareto

Em meio a tempestade

Há uma tempestade, ela não está vindo, ela já está aqui;

Os ventos sopram tão fortes quanto possível, é como se eles gritassem nos meus ouvidos;

tudo ao meu redor balança, tomba, cai e geme, não há o que fazer é preciso esperar;

e na minha mente um antigo som ecoa: “depois da tempestade vem o sol”

Meus olhos tentam olhar ao além;

além da escuridão;

além dos ventos;

além da tempestade a minha frente, mas não consigo ver nada além de um borrão;

tento olhar além da tempestade, para seu “depois”;

meus pés tentam procurar pelo sol, mas nada pode ser visto pelos meus olhos além da devastadora tempestade ao meu redor.

Sinto-me cansada, exausta, ferida, deixo-me cair, escolho deixar-me afundar nas águas que não param de jorrar a aumentar;

me entrego a tempestade, me fundo a ela;

fecho os olhos sem mais nada a pensar, apenas uma palavra que desejo proclamar;

proclamo, clamo por ajuda, mesmo sabendo que ao meu redor não há mais ninguém, afinal todos estão presos no meio da mesma tempestade;

minha voz, um sussurro sem força, mas com força suficiente para o pedido entregar.

Meus olhos se abrem e uma mão direcionada para mim se estende;

meus olhos procuram de onde ela vem e tudo o que vejo são olhos além da confiança;

estendo minha mão e uma força parece reabastecer todo o meu ser;

me levanto, flutuo através da escuridão;

não enxergo o caminho, mas atravesso sem medo, por entre os ventos e seus uivos.

Eu atravesso a tempestade ao encontro do sol.

Um silêncio ecoa o som único da paz, da calmaria;

Sinto o abraço das mãos que se estenderam para me guiar;

Sua voz no tom mais doce suavemente diz em um declarar;

o mais difícil não é a tempestade suportar, mas sim, o lembrar que durante ela, mesmo diante do medo e da distração que sozinha jamais estará;

o mais difícil é lembrar de pedir, entregar e confiar.

Foi assim que entendi que o mais difícil não foi Simão Pedro andar sobre as águas, mas sim, pedir ajuda quando estava afundando e confiar o suficiente que iria ser salvo, mesmo que há pouco havia duvidado, se distraído por um segundo.

Que lembremos sempre de pedir por ajuda em meio a nossas tempestades;

pois são os ventos das tempestades que impulsionam as águas para que elas possam continuar o seu percurso.

29/02/2024 – Nathalia Favareto

Oração ao Pai

Pai, meu pai, Criador de tudo e todos, Santo seja o seu nome;

venha a mim o Teu reino; seja feito a Tua vontade junto com a minha.

Dai-me o pão de cada dia, perdoe os meus pecados e ajuda-me a perdoar quem pecou contra a mim;

livra-me das distrações, do medo, da culpa e da punição, livra-me de todo o mal, agora e sempre. Amém!

Simples palavras

Palavras há tempos não são só palavras;

Palavras ao vento são promessas de respostas;

Palavras constróem, semeiam frutos bons e ainda sim os não tão bonitos.

Frutos de amor, medo, felicidade ou ódio, são todas palavras que foram ditas antes de serem concretizadas.

No início havia o silêncio e o som de uma simples palavra criou tudo, criou o TODO.

Palavras importam;

Não as que ouvimos, não somente essas;

Mas as que saem de nós, pois essas expressam o que há em nosso próprio Ser;

Ser imperfeito, buscando a perfeição;

Perfeição que apenas há nas palavras Daquele que ecoou-as pela primeira vez e que vive dentro de cada uma de suas criações.

Palavras que vêm e um som ecoa e do eco cria e cocria;

Isso já está escrito e dito na passagem de um tal de profeta Isaías: “Isso diz o Senhor: (Assim como a chuva e a neve descem do céu para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra e fazê-la germinar e dar sementes, para o plantio e para a alimentação). Assim a palavra que sai da minha boca, não voltará para mim vazia, antes realizará tudo que for da vontade e produzirá os feitos que pretendi ao enviá-la”.

Palavras, palavras e palavras que saem a todo momento de bocas e ecoam sem voltar vazias, sem voltar antes de realizar os feitos que pretendiam;

Palavras que semeiam e que ao voltar trazem os frutos que semearam de volta.

Que cada palavra que dessa boca sair, seja um som que semeia amor e que amor seja a única semente que plantemos de hoje até o resto de nossos dias.

Nathalia Favareto

Ave Maria Mântrica

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus.

Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, filhos e filhas de Deus, agora e na hora da nossa vitória sobre o pecado, a doença e a morte! Amém!


Não tenha medo de buscar por novos caminhos e novos conhecimentos;

não tenha medo de sentir tudo o que sente;

apenas sentindo é que se pode ser libertado;

apenas conhecendo que se pode saber a sua verdade;

pois a verdade não pode ser explicada, ela apenas pode ser sentida e abraçada.

Um lugar onde nunca imaginamos

A cura pode vir de onde, às vezes, a gente nem imagina que existia dor até senti-la implodir em determinado momento;

não qualquer momento, um que se parece com outro já vivido, um momento que recorda um outro, um primeiro, momento.

E então, como um impulso do nosso ser, que traz esse momento ao presente;

para ali por algum tempo;

faz voltar no tempo e se sustenta no que precisa ser olhado com verdade e então ele passa;

é como uma eternidade, mas leva apenas segundos.

Segundos que não há como sair correndo, mesmo que seja tudo que se queira em meio ao o turbilhão desesperado que cresce no peito, queima e incendeia;

porém, em um respirar e expirar, quando tudo clareia, o tempo volta a rodar, agora, nada será mais igual;

a verdade foi vista, as lágrimas de gratidão escorrem sem pressa;

o perdão toma o lugar e abre espaço para o amor, a luz, a compaixão;

para a cura do coração, do corpo, da alma de todo o ser;

do ser completo e perfeito.

Às vezes a cura vem de um lugar onde nunca imaginamos haver qualquer machucado;

mas que Grande Perfeição e Misericórdia saber que a cura vem do nosso mais profundo ser quando estamos prontos para a cura real compreender.

Nathalia Favareto

O começo

Volte ao começo!

Voltar ao começo? Mas o que havia no começo?

Volte ao começo e comece então;

Volte ao começo, no começo havia boas intenções, a intenção de ser feliz de buscar pela felicidade.

Volte ao começo;

no começo havia a curiosidade, a vontade sem o medo;

volte ao começo, havia ali amor e vontade de amar de todo amor se dar;

no começo haviam sonhos e a certeza de que todos podiam se realizar.

Voltar ao começo é permitir-se, é atrever-se, a ser tudo o que um dia tentaram dizer que não podia ser;

Ser quem verdadeiramente Somos.

Volte ao começo e APENAS SEJA TODA LUZ QUE HÁ EM SEU CORAÇÃO.

Talvez uma oração

Por erros do passado é correto se punir e não amar?

Por erros do passado é correto a felicidade se negar?

Se punir e não permitir o melhor aceitar?

Deus é amor e ama apesar de tudo e tudo o que Ele quer é o arrependimento;

Ele quer acolher depois disso;

Ele já perdoou muito antes disso;

Ele só espera pelo arrependimento, pelo pedido de ajuda, pelo perdão próprio e pela nossa entrega completa.

Então Pai, Mãe, Vida, estou aqui pra dizer que:

Sim eu errei e agora sei a verdade e me arrependo dos erros que cometi

Estou aqui Pai, Mãe, ajuda-me a não cometê-los mais, auxilia-me na caminhada

Pai, Mãe, Vida, perdoa-me e me ajuda a perdoar a mim mesmo

Ajuda-me a aceitar que eu mereço amor e amar;

Ajuda-me a reconhecer a ação correta e coragem para sustentá-la

Ajuda-me a ti minha vida entregar.

Silêncio do externo

Há um barulho que ecoa alto demais no silêncio do externo;

forte como o vento nas tempestades que balançam as árvores e os barcos em alto mar, capaz de todos nossos mais profundos sentidos despertar.

O “ficar em silêncio” nem sempre significa paz, algo que muitos entenderam no processo de meditar;

o silêncio traz à tona toda conversa a qual precisamos com nós mesmos falar.

No meio de tanto disse me disse que vem e deixamos ir, há uma voz sussurrando e que toda fala vem e faz-se ir;

é como em uma cena de um filme que um dia assisti, onde o menino se esconde sem entender ao perceber seus sentidos aflorados;

barulhos altos demais, de todos os lados, de todos os tipos.

Sua visão, na cena, não era diferente, tudo era real demais, forte demais, não havia paredes que ocultavam tudo o que acontecia ao seu redor;

não havia solidão que silenciaria o silencia gritante do externo.

E então veio a sua mãe, ela o chamou atrás de uma porta, mesmo sua voz sendo um pequeno sussurro em meio a tanto barulho ele a ouviu e socorro a pediu:

“— Mamãe é muito alto, tudo é muito alto, não consigo parar, o que há de errado comigo? Como faz parar?”*

A mãe calmamente respondeu ao filho:

“ — Estou aqui meu filho e não vejo nada de errado com você, tudo o que tem que fazer é se concentrar na minha voz, somente ouça a minha voz.”*

O menino respirou fundo, fechou os olhos e se concentrou na voz de sua mãe, de onde ele sabia que podia confiar, que só existia amor, onde sabia que era seu lar e todo o barulho então cessou, ele abriu a porta, deixou sua mãe entrar e a abraçou. Ela o acolheu e a paz ali reinou.

Há uma outra história tão familiar com essa e que ouvimos desde de pequenos, algo como quando Jesus, o Cristo, chama Simão Pedro para caminhar sobre as águas.

“ — Venha! “– disse Jesus, e ao ouvi o comando Simão saiu do barco e foi em direção ao Mestre, mas quando o vento soprou e Simão sentiu a sua força, ele começou a duvidar, Cristo, porém, ainda disse para Simão manter a atenção Nele, mas o vento era muito forte, Simão se distraiu e o medo o dominou, assim, Simão afundou.*

Porém, como a mãe do menino, Jesus ouviu o pedido de socorro de Simão e foi em resgate de seu discípulo, ele o tirou das profundezas não permitindo que ele afogasse e o levou para dentro do barco o mantendo em segurança.

Já a salvo e no barco e com Jesus ao seu lado, Simão notou que o vento se acalmou e todo o barulho cessou, a dúvida já não existia mais.

Essa é a verdadeira paz!

Paz que vem da voz da verdade;

que mostra o caminho e ensina como nesse mundo deve-se viver a vida.

Voz que sussurra em meio ao barulho ensurdecedor do silêncio;

voz que permanece a sussurrar mesmo no barulho estrondoso do externo, cabe a nós socorro pedir e focar nossa atenção na única voz que temos que escutar, àquela que fala com nosso coração.

Nathalia Favareto 22/01/24

*OBS: As citação acima podem estar diferentes, sinta o sentido, entenda com o coração

De peito aberto

O que me aflige não é o que ficou pra trás ou o que pode vir à frente, o que mais me incomoda é não saber o que fazer, no agora.

Não me importa o que perdi ou o que tive que recomeçar;

não me assusta se eu tiver que fazê-lo de novo, o que me apavora é não saber por onde e como seguir.

Não é medo de errar, não há certo ou errado, há apenas experiência,

o que me incomoda é o não ver o caminho a minha frente;

não tem um caminho;

não vejo uma luz.

Eu sou a luz e o caminho,

mas vejo tudo parado e sem destino;

isso é o que me incomoda;

isso é o que me aflige;

isso é o que me assusta;

isso é o que pulsa em meu peito;

no mais escondido de meus medos;

no entanto, aqui estou,

então aqui eu continuo pedindo um milagre que me mostre meu destino.

Nathalia Favareto