Em meio a tempestade
Há uma tempestade, ela não está vindo, ela já está aqui;
Os ventos sopram tão fortes quanto possível, é como se eles gritassem nos meus ouvidos;
tudo ao meu redor balança, tomba, cai e geme, não há o que fazer é preciso esperar;
e na minha mente um antigo som ecoa: “depois da tempestade vem o sol”
Meus olhos tentam olhar ao além;
além da escuridão;
além dos ventos;
além da tempestade a minha frente, mas não consigo ver nada além de um borrão;
tento olhar além da tempestade, para seu “depois”;
meus pés tentam procurar pelo sol, mas nada pode ser visto pelos meus olhos além da devastadora tempestade ao meu redor.
Sinto-me cansada, exausta, ferida, deixo-me cair, escolho deixar-me afundar nas águas que não param de jorrar a aumentar;
me entrego a tempestade, me fundo a ela;
fecho os olhos sem mais nada a pensar, apenas uma palavra que desejo proclamar;
proclamo, clamo por ajuda, mesmo sabendo que ao meu redor não há mais ninguém, afinal todos estão presos no meio da mesma tempestade;
minha voz, um sussurro sem força, mas com força suficiente para o pedido entregar.
Meus olhos se abrem e uma mão direcionada para mim se estende;
meus olhos procuram de onde ela vem e tudo o que vejo são olhos além da confiança;
estendo minha mão e uma força parece reabastecer todo o meu ser;
me levanto, flutuo através da escuridão;
não enxergo o caminho, mas atravesso sem medo, por entre os ventos e seus uivos.
Eu atravesso a tempestade ao encontro do sol.
Um silêncio ecoa o som único da paz, da calmaria;
Sinto o abraço das mãos que se estenderam para me guiar;
Sua voz no tom mais doce suavemente diz em um declarar;
o mais difícil não é a tempestade suportar, mas sim, o lembrar que durante ela, mesmo diante do medo e da distração que sozinha jamais estará;
o mais difícil é lembrar de pedir, entregar e confiar.
Foi assim que entendi que o mais difícil não foi Simão Pedro andar sobre as águas, mas sim, pedir ajuda quando estava afundando e confiar o suficiente que iria ser salvo, mesmo que há pouco havia duvidado, se distraído por um segundo.
Que lembremos sempre de pedir por ajuda em meio a nossas tempestades;
pois são os ventos das tempestades que impulsionam as águas para que elas possam continuar o seu percurso.
29/02/2024 – Nathalia Favareto