No começo do agora

São pequenas ações que mudam a realidade!

Em meio a encontros e desencontros o olhar para o passado;

às vezes é necessário para dar o próximo passo no agora,

não com visão de medo;

mas sim, com vista clara de que sempre há uma solução;

sempre há algo a ser aprendido.

Porém é preciso além de olhar, ouvir;

ouvir com ouvidos limpos e peito aberto;

ouvir o que vem do passado, não apenas dos nossos atos;

mas de outros que antes de nós vieram.

Ao caminhar por uma estrada escura, esburacada no meio do nada;

perdida e cansada, parecia não haver luz para iluminar a caminhada.

No meio do percurso, quase já em desistência avistei uma senhora, de idade que parecia avançada, mas com disposição incomparada.

Em um impulso, senti segura em sentar para ali naquela paz que ela sentia descansar.

– O que lhe preocupa querida criança? – A senhora me perguntou e sem sermão de me importar o peito abrir mostrando a minha nua e crua dor.

Com um olhar doce em meio a minha estrada confusa e escura, com um sorriso esboçado no rosto com plena certeza ela me disse:

– Não se preocupe tanto minha filha com questões relacionadas ao externo da vida. Tudo dá certo, tudo se acerta, coloca Deus na frente e tudo se ajeita.

Franzi o cenho, sem sermão, havia muitas coisas que eu queria perguntar, afinal, como poderia eu apenas não me preocupar?

Mas após um tempo em silêncio pensando na melhor forma de a questionar, ao olhar para o lado, ela ali já não parecia estar.

Segui o meu caminho, sem saber para onde estava indo, sozinha e cansada, apenas continuei indo.

Segui em questionamento, havia algo a mais ali, e não tinha nada a ver com a minha falta de confiar em Deus ou deixar que Deus fizesse algo para mim;

havia algo ali…

havia algo a mais ali.

O silencio da era inevitável, a imersão em mim e em meus questionamentos era palpável, e em um mero memento de descanso indescansável uma luz tão clara que cegava com uma voz no fundo de trilha sonora.

“Tudo passa, tudo é passageiro e impermanente e da mesma forma que temos um problema temos também a solução.”

A luz diminuiu e agora o caminho era fácil de enxergar e, assim, pode ser vista o algo a mais que ali estava.

Tudo vem e vai;

durante a vida, várias fazes vai por ela passar, desde o nascer até o morrer;

todos são dias que pequenas mudanças vão ocasionar.

Alguns obstáculos serão preciso ultrapassar;

decisões serão preciso tomar no processo;

e na hora de qualquer dúvida, entregue a Deus.

No final tudo vai passar, as pessoas, o trabalho, o caminho já percorrido, olhe para trás, ele ficou pisado tudo foi resolvido.

Passou a juventude, os amores, os relacionamentos, o trabalho.

No final, tudo passa e o que fica são as ações;

ações de amor, de seguir de peito aberto nas soluções que Deus traz com tanto amor;

no final, o que importa é qual obra Deus construiu em mim e eu nos outros;

no final, o que importa é o quanto evolui e edifiquei, o quanto a luz de Deus em mim eu deixei iluminar o meu caminho e outros a luz eu guiei;

o quanto aproveitei das oportunidades que apareceram e o quanto a Deus em mim entreguei meus desafios diários.

No final, o que importa é a vida que vivi e que seja leve e cheia de paz, amor e amor e paz;

no final, depois de tudo isso refletir desejei tudo isso antes ouvir.

A senhora mais uma vez para mim surgiu e sua voz doce e calma ecoou a resposta da minha pergunta silenciosa;

– Ouviu quando afinal estava pronta para um ponto final finalmente acertar no encerramento da sentença resolvida e assim, começar em uma nova linha, em um novo capítulo, um novo livro da vida em páginas em branco.

No começo do agora, eu sei que tudo está dentro de mim, assim como tudo está fora.

Nathalia Favareto

Recomeçar para ser

Sou tudo o que Sou;

nada além do que posso ser;

estou onde restou para poder me exercer,

mas, sei, que às vezes falho na minha própria opinião.

Agora vou seguir o mais rápido que eu puder,

mesmo sabendo que pode ser mais devagar que tudo, que o tempo do externo;

e mesmo cansada de tanto tentar, não desistirei,

eu ainda tentarei, recomeçarei.

Recomecei, abri uma página de um livro em branco,

escrevi exatamente o que eu desejo;

acredito quando ouço o grito do meu coração.

Que esteve muito tempo perdido nessa imensidão,

e mesmo cansado de tanto tentar,

ele tentou e gritou para recomeçar.

Sou ser humano;

sou as folhas de um livro em branco;

sou as flores que você nunca viu;

sou a vida a ser vivida;

e cada nota que nunca foi cantada;

uma letra que nunca foi escrita.

Porque sou tudo o que sou,

nada além do que posso ser.

Nathalia Favareto

E se

E se eu disser que tudo pode acontecer?

Em um piscar de olhos tudo muda;

e se você olhar a vida como um sonho?

Onde nada é real e não há medo;

e se a vida for um sonho, onde tudo é possível e nada é real?

Então deixe todos os medos para trás e encare todas as suas sombras;

olhe para dentro do seu coração com verdade e profundidade;

se o medo vier a tona, chame ele para a briga;

acredite, você não vai perder essa batalha.

Como eu sei?

Sei porque você é luz;

você é feito de amor;

e nesse grande inteiro e infinito Universo, Deus sabe quem você é;

Ele tem um nome diferente para você;

um que você não conhece, não se recorda,

mas que Ele nunca esquece.

Nesse grande e extenso Universo, onde se sinta apenas mais um;

existe um Criador que sabe seu nome e que te fez único e lhe chama de filho/filha;

nesse extenso Universo essa vida é apenas uma fagulha do fogo eterno da luz e do amor.

Nathalia Favareto

O corpo

Meu corpo se expande e não se limita.

A presença da pele e da carne é uma dadiva que possibilita o impossível, a mudança, a transmutação, a ação e a criatividade.

O corpo feito par experiência, crescer, evoluir e viver, de fluir com a natureza.

O corpo, a casa de todo o meu infinito ser de amor e poder, afinal o amor é o poder,

O poder de criar, viver e aceitar quem se é sempre sabendo que ainda há tempo para mudar. 

O corpo que tanto é julgado, judiado e exigido, o corpo que sempre é torto aos olhos superficiais,

O corpo, quando olhado inteiramente é dádiva de saber que é uma pequena molécula de todo o Universo;

O corpo que permite sentir a tudo, e que é finito em estado humano, tornando o viver ainda mais belo, feroz e milagroso.

O corpo que aguenta e suporta o dia a dia,

Que auxilia na jornada,

Que divido com amor com o outro, divido a carne e a energia que se completa, se fundem e se manifestam como uma apenas uma.

Somos o masculino e feminino em energia e fundimos em corpo nossas metades, para assim provarmos do verdadeiro significado de plenitude, completude e cumplicidade.

É o amor pelo meu próprio ser que se expande no amor pelo outro,

É a entrega de o meu próprio ser que gera o compartilhamento do amo,

Copo com corpo, alma com alma, ser com ser, completos e repletos da energia do viver.

Nathalia Favareto

Mundo torto

 A dependência de vestir uma armadura antes de sair de casa;

a potencialização do ser humano, de acreditar que é melhor ser quem não se é, e fingir ser o que os outros acham que devem ser, afinal, os outros são aqueles que comandam você;

se isso é mentira, ótimo;

porém, observe e reto-me a permissão de comando sobre si mesmo.

A máscara que é usada para agradar a todos e sorrir enquanto se é apedrejado em praça pública;

o medo de envelhecer e descobrir que depois de tudo o que viveu você será apenas descartado;

mas que mundo todo errado, em vez de criarmos heróis, alimentamos vilões ferozes que geram medos e aprisionam as nossas almas.

Que mundo todo torto, que gira em torno de corpos e rostos escondidos atrás de mentes obscuras e medrosas no exílio.

Para esse mundo escondido derrubo as muralhas e estampo a verdade em seu teto de vidro;

Escolho deixar a armadura cair;

escolho o caminhar pelo mundo sem máscaras, nua e livre.

Não há nada de errado em ser quem se é, em lutar pelo que se quer, em começar de novo independente do que se acha dependente;

Tirei a minha máscara, estou desnuda e grito podem vim, me apedrejem;

mas já deixo avisado, cansei de remediar o irremediável;

por isso, não vou sorrir falsamente, mas também não vou chorar, vou me reerguer e dizer exatamente onde é o meu lugar.

Quem realmente é, foi e será.

Era de tanta beleza que os olhos não tinham visto nada igual;

era de uma aparência e beleza jamais vista antes sobre a Terra caminhar;

era cheio de tanta luz, coberto pela grandeza do amor de Deus;

ao passar e caminhar por entre a escuridão, os olhos ardiam a ponto de tampá-los por ser difícil de enxergar;

a escuridão não queria olhá-lo, não conseguia encará-lo e ainda ser a mesma.

A verdade era que Sua Luz era tão verdadeira, tão grande e milagrosa;

tão milagrosa quanto as mãos do próprio Deus podem ser;

Ele era, e é o Deus vivo em nós.

Mas o mede de sair das trevas fez todos se afastar;

o apego a dor e ao sofrimento, fez a Ele negar e O entregar;

Ele caminhou sobre a luz em tempos de escuridão e foi condenado pela verdade que trazia em seu coração.

Ele morreu na carne e provou que somos eternos;

que tudo isso é passageiro e que nada merece tanto apego.

Ele trouxe a verdade e aqui ela prevaleceu e prevalece;

Àqueles que O buscam em verdade O conhece

Ele se fez como nós, para mostrar que nós somos como Ele;

E se fez por toda a eternidade o caminho, a verdade e a vida;

Se fez um canal direto com o Pai, mãe, vida, para todos que desejam acessar.

Oração a quem EU SOU

Eu me esvazio de mim e assim me torno mais quem EU SOU, quem TU ÉS;

eu me esvazio de mim para que o Espírito Santo possa falar através de mim e agir através dos meus atos.

Hoje e sempre que Espírito Santo fale através de mim;

hoje e sempre que o Espírito Santo utilize a minha voz para que o mundo possa escutar a TUA voz através de mim.

Hoje eu decido esvaziar-se de mim para que TU possas me fazer um canal do TEU AMOR E DA TUA COMPAIXÃO;

Que SUA VERDADE seja transmitida através de mim hoje e sempre, pois só há um verdadeiro Deus e só há uma verdade que importa.

Eu hoje me esvazio de mim e assim me torno a verdade como ela é.

Amém!

Nathalia Favareto

Dez anos depois.

Dez anos depois…

Dez anos depois que fomos jovens;

Veremos que ser jovem é poder pensar, fazer, dizer o que queremos;

Saber que o mundo é onde vivemos;

Poder mudar, crescer, sonhar e aprender;

Buscar por tudo até vencer.

Dez anos depois de que fomos jovens;

Veremos que ser jovem é ter a força e a coragem;

É ser persistente mesmo sem vontade;

É pensar a vida como uma eternidade;

Dez anos depois que fomos jovens;

Veremos que ser jovem é o que todos somos;

Ser jovem é o que sonhamos;

Que para ser jovem, não tem idade;

Seremos jovens de hoje até a melhor idade.

Seja daqui há dez, vinte ou trinta anos e ainda sim seremos jovens.

E depois de dez anos de que fomos jovens;

Quando não mais jovens nos chamarem;

O que será que mais lembrado do tempo de jovens, que fomos chamados?

Nathalia Favareto

Sentimentos que despertam

E se eu apenas observasse?

E se apenas observasse o caminho o qual percorro agora ao invés de tentar olhar aquele que ainda está por vir?

e se eu olhasse em volta desse caminho e conseguisse ver a linha do tempo de tudo o que eu já vivi?

histórias por histórias, acontecimentos por acontecimentos, respiração por respiração e cada sentimento que tudo isso desperta em mim.

e se eu olhasse para essa estrada como uma linha única da história da minha vida e as respostas já estivesse respondida em algum momento de toda a história que vivi?

mas me distraio, o caminho a diante parece-me mais agradável, vejo o que é possível;

um passo depois do outro, olhos firmes no caminho a frente, nunca no passo que está sendo dado;

ignoro o chamado de olhar pro caminho percorrido, para os lados, para o chão que os pés pisam agora;

afinal já olhei o caminho lá antes não há nada de novo nesse lugar que antes era a estrada a frente e agora se tornou a estrada que piso.

passo a passo despercebido que a estrada a seguir é criada pelo passo dado agora e pelos passos que ficaram pra trás.

Em algum momento o cansaço se instala, é preciso parar;

as pernas doem, o corpo doe, respirar parece doer e olha que isso é automático, nunca foi preciso perceber;

a estrada a frente parece agradável um lugar onde tudo é possível, mas cansado o corpo está esgotado, é preciso parar.

A respiração começa a ser cada vez mais notada, os olhos se fecham por um instante, o corpo agradece e relaxa;

quantos belos sons são possíveis ouvir;

quantas belas paisagens são possíveis olhar;

onde estava toda essa beleza que antes parecia os olhos não enxergar?

e os olhos se abrem e a ideia do apenas observar se torna constante;

os passos já dados podem ser vistos como os pedaços de migalhas de pão que não comeram os pássaros;

um caminho marcado pelos passos que percorri.

De repente um desejo de voltar explode em meu ser;

minha mente impulsiona, mas o corpo não responde a esse querer;

e uma nuvem branca circula meu corpo, o que meus olhos veem enchem de sentimentos o meu ser;

minha linha da vida sendo observada por quem eu sou agora, pelo quem me tornei.

Histórias por histórias, acontecimentos por acontecimentos, respiração por respiração e um turbilhão de sentimentos que me despertam;

para a minha estrada, para a linha única da história da minha vida e para as respostas de perguntas que nem foram feitas já respondidas.

O chamado agora é de permanecer no passo a ser dado, atento, observando sem esquecer que o futuro se planta no presente e que novos horizontes se abrem observando o passado e curando-o no presente.

talvez a estrada a frente não será mais como uma linha reta, mas cheias de novas linhas, pra direita, esquerda, frete e de assim por diante,

pois a cada novo passo marcado no chão permaneço na observação do que escolho e para onde escolho;

sem certo ou errado, apenas em pleno viver do caminho sagrado da volta pra casa;

casa do meu ser, de quem eu sou e não de quem quero ser.

Nathalia Favareto

Em meio a tempestade

Há uma tempestade, ela não está vindo, ela já está aqui;

Os ventos sopram tão fortes quanto possível, é como se eles gritassem nos meus ouvidos;

tudo ao meu redor balança, tomba, cai e geme, não há o que fazer é preciso esperar;

e na minha mente um antigo som ecoa: “depois da tempestade vem o sol”

Meus olhos tentam olhar ao além;

além da escuridão;

além dos ventos;

além da tempestade a minha frente, mas não consigo ver nada além de um borrão;

tento olhar além da tempestade, para seu “depois”;

meus pés tentam procurar pelo sol, mas nada pode ser visto pelos meus olhos além da devastadora tempestade ao meu redor.

Sinto-me cansada, exausta, ferida, deixo-me cair, escolho deixar-me afundar nas águas que não param de jorrar a aumentar;

me entrego a tempestade, me fundo a ela;

fecho os olhos sem mais nada a pensar, apenas uma palavra que desejo proclamar;

proclamo, clamo por ajuda, mesmo sabendo que ao meu redor não há mais ninguém, afinal todos estão presos no meio da mesma tempestade;

minha voz, um sussurro sem força, mas com força suficiente para o pedido entregar.

Meus olhos se abrem e uma mão direcionada para mim se estende;

meus olhos procuram de onde ela vem e tudo o que vejo são olhos além da confiança;

estendo minha mão e uma força parece reabastecer todo o meu ser;

me levanto, flutuo através da escuridão;

não enxergo o caminho, mas atravesso sem medo, por entre os ventos e seus uivos.

Eu atravesso a tempestade ao encontro do sol.

Um silêncio ecoa o som único da paz, da calmaria;

Sinto o abraço das mãos que se estenderam para me guiar;

Sua voz no tom mais doce suavemente diz em um declarar;

o mais difícil não é a tempestade suportar, mas sim, o lembrar que durante ela, mesmo diante do medo e da distração que sozinha jamais estará;

o mais difícil é lembrar de pedir, entregar e confiar.

Foi assim que entendi que o mais difícil não foi Simão Pedro andar sobre as águas, mas sim, pedir ajuda quando estava afundando e confiar o suficiente que iria ser salvo, mesmo que há pouco havia duvidado, se distraído por um segundo.

Que lembremos sempre de pedir por ajuda em meio a nossas tempestades;

pois são os ventos das tempestades que impulsionam as águas para que elas possam continuar o seu percurso.

29/02/2024 – Nathalia Favareto