Pedaços de peças aqui e ali, não tornam quem se é
Diante do olhar para fora, me comparei com o que via;
diante do olhar ao externo, tentei criar uma vida que não era minha;
diante de olhar para os outros, peguei pedaços e pedaços de peças aqui e ali, forcei-as se encaixar e fingi que estavam todas em seus devidos lugares.
Olhei tanto para o externo que me perdi, sai de mim, vivi para ser outra, sem olhar no espelho que refletia a mim;
Fui morrendo aos poucos até chegar o momento em que realmente morri;
meus olhos se abriram, em uma visão diferente;
se abriram para olhar para dentro e, foi aí que reconheci meus próprios olhos a olharem para mim.
Nesse olhar para mim, descobri que nada sei de mim mesma, sem as máscaras que vestia para viver;
ao olhar para dentro, vi que nada sei de mim, que nada sei do que é realmente o querer e fazer; do desejo que reflete meu próprio querer;
ao olhar para o quebra-cabeça, finalmente vi e reconheci as peças que não se encaixavam;
então eu o desmontei, as retirei, joguei fora todas as peças que não se encaixavam e decidi começar desde o início novamente;
com os olhos, agora, voltados para dentro, para os meus próprios olhos;
agora eu começo a reconstruí-lo;
na minha verdade;
na verdade, de quem eu sou;
sabendo que posso ser qualquer coisa ou a mesma coisa;
mas sem pedaços de peças que não eram meus.
Nesse quebra cabeça da vida, agora eu monto em verdade a vida fora do querer do externo;
e dentro do querer do olhar interno que é somente meu.
Nathalia Favareto