Ciclos de morte e vida

Vem refletir um pouco comigo!

A vida, é feita de uma única certeza, a que mais nos assusta, a de que um dia vamos morrer.

Imagine a vida como uma linha reta, em uma ponta está o nascer, na outra o morrer e, dentro desse espaço em que a vida acontece, há outros vários ciclos de vida e morte, que acontece todos os dias, ou talvez deva eu dizer, de morte e vida.

Isso pode ser percebido na observação das plantas, nos animais, no próprio dia, por exemplo, no amanhecer e no escurecer, em que o dia amanhece, nasce, e o dia termina, escurece, ele morre. E dentro desses tantos ciclos a gente repara que existe, a dor, em cada novo ciclo que se vai e em cada novo ciclo que se inicia, mas existe também, transformação.

Outro dia ouvi uma frase que dizia assim: “crescer dói”.

Sim, dói, mas estamos tão envolvidos, tão extasiados com a possibilidade de crescer, se tornar adulto que não percebemos onde um ciclo se inicia e onde o outro termina, apenas crescemos.

Mas quando adultos, parece que entramos em um lugar mais sensível, onde algumas dores, encerramentos de cilcos são mais leves, alguns recomeços, inícios são mais leves, sentimos a partida, vivemos o luto, mas passamos por eles com mais facilidade e leveza. Outros encerramentos, no entanto, parecem ser mais densos, aonde sentimos mais esse final de ciclo, essa morte da antiga realidade. E quando esses finais de ciclos, esse encerramento é mais dolorido, quando ele é mais denso, quando sentimos mais esse sofrimento, a sensação que temos é que mais difícil, pesado, sombrio, é como se sentisemos que algo em nós realmente morre.

Fica mais difícil deixar ir ou ver uma luz no fim do túnel. Fica mais difícil não sentir esta dor e isso deixa mais tudo mais denso, pesado, estagnado, o que dificulta também, ver toda a alegria, felicidade e transformação que aconteceu durante esse ciclo, no caminho do meio, entre seu nascimento e morte. Não preciso nem dizer que isso também dificulta, assim, ver que novas alegrias estão presentes no novo ciclo a se iniciar.

Isso me é apresentado na forma de como se a vida tivesse várias linhas de tempo. E dentro dos ciclos que se iniciam dos ciclos que terminam, antes do ciclo completo da vida, também há muita paz, muita felicidade, muita contemplação, muito aprendizado e uma profunda transformação. E quando estamos encerrando um ciclo, e essas coisas todas também estão ali, a gente não consegue ver tudo isso que aconteceu porque parece que estamos presos em uma névoa escura onde só vemos a dor e o sofrimento, apegamos a isso por tudo além disso é desconhecido.

E aí vem o medo, aquele medo de deixar tudo pra trás, de estar perdendo algo que foi incrível, quando na verdade, a gente não consegue ver que algo incrível também pode estar vindo.

Sabe cheguei a conclusão, talvez errônea, talvez certa, mas minha, de que isso acontece apenas porque somos humanos, e como ser-humano, com uma mente humana, entender que nada é para sempre, que as coisas apenas vêm e vão, e que essa é a lei da vida, que isso é em favor de algo muito maior, de algo que a gente não pode explicar, gera o medo que aprisiona. Medo, esse, mais comum de todos, o do desconhecido.

E quando esse medo chega, ele não vem sozinho, ele traz com ele a falta coragem, de confiança e até mesmo de fé, misturado com nostalgia e ansiedade. E na existência do agora, na certeza de que há um enfretamento desses encerramentos de ciclos todos os dias, o medo vira apego, pois há incerteza do que virá. E ao esquecer de acender uma luz que permita o caminho um pouco iluminar, ele parece crescer diante dos olhos que na escuridão tenta enxergar. Quando na escuridão toda formiga é um mostro assombroso a caminhar.

O apego do abrir mão do que é preciso deixar ir, do que precisa ser deixado morrer, gera incerteza, dor, sofrimento, choros, lágrimas. E, muitas vezes é esquecido de também lembrar, que pode gerar alegria, contemplação, felicidade e realização do que tanto antes havia sido pedido.

Já pensou se seu maior sonho estiver atras da porta onde o medo decidiu se instalar esperando apenas esticar a mão, a porta abrir e pela mão ele pegar?

Além de muito mais, pois pode haver o equilíbrio e o deixar fluir da vida, que é a plena certeza, de que tudo está bem e que tudo virá, mas os olhos finitos, humanos, não conseguem enxergar as grandezas da infinidade do que está por vir, que vem de Deus em benefício da evolução da alma.

Por isso, se eu pudesse apenas fazer, de toda essa reflexão uma oração, eu pediria para Deus me guiar, no equilíbrio, na confiança, na consciência, na ação correta dessa consciência, na fé, na integração e na sabedoria de quem eu sou. Onde há o entendimento, há compreensão e principalmente onde há integração desse conhecimento na vivência. De que tudo é bom e de que a vida é feita de vários ciclos de morte e vida todos os dias a cada respiração, cada inspiração e expiração.

Deus que É Pai, Mãe, dai-me então força, coragem, sabedoria, para deixar ir o que eu preciso deixar ir, para equilibrar, pra viver no equilíbrio de todas as minhas emoções. Sabedoria para deixar aquele novo, que vai me trazer mais. Mais vida, mais experiência, mais consciência, mais libertação entrar e nascer em mim, em meu coração, em minha realidade.

Que assim seja.

Amém.