Asas
Cortaram as asas, e assim, foi-se proibido voar;
cortaram as asas;
não puseram em uma gaiola, mas foi desequilibrado ao tentar levantar vôo;
cortaram as asas, e foi o mesmo que colocar em uma jaula, sem espaço para criar e explorar o mundo afora.
Cortaram as asas, e nem foi percebido, mas as cicatrizes andam saindo e sangrando sem cessar;
cortaram as asas, e pelo corpo foi possível ver as dores se instalar.
E então a liberdade chega, as asas voltam, elas doem, pesam, parecem não pertencer;
as asas não estão mais cortadas, mas nunca a foi ensinado a voar;
e assim, o céu parece distante, longe de tão longe;
agora o impossível se torna possível, mas as barreiras agora são invisíveis, e mesmo com as asas, parecem mais altos do que realmente são.
Cortaram as asas, e ao impedir de voar, cortaram também sua imaginação;
ao impedir de sonhar, tiraram sua esperança;
ao impedir de esperar, roubaram seu acreditar;
acreditar no amor e que o amor qualquer impossível pode possível tornar.
Nathalia Favareto